E pronto…já lá vão seis semanas desde que o
Aquiles resolveu tramar o resto do meu ano desportivo.
Atletas
famosos com rupturas no tendão de Aquiles
Dominique Wilkins (NBA - este só o pessoal acima
dos 30 é que se deve lembrar quem era)
Kobe Bryant (NBA)
Naide Gomes (Atletismo)
Quim (Futebol)
Beckham (Foi mm a jogar…a Victoria não teve nada a
ver com isto ;) )
Zanetti (futebol)
E claro
Tó Salgado ;)
Causas – Tendões inflamados ou com lesões crónicas são
mais susceptíveis a rupturas. Por isso, se estiverem com dores no tendão e/ou
apresentar sinais de inflamação não arrisquem. Como vão ver daqui a umas linhas
o tempo de recuperação é longo…demasiado longo...por isso não vale a pena
arriscar um ano inteiro por meia dúzia de Km. No entanto as rupturas nem sempre estão associadas a processos
inflamatórios. Contacto físico, colocar o pé numa depressão
inesperada do solo, torção, alteração do tipo e/ou intensidade do treino, acelerações
bruscas, podem ser outras das causas. No meu caso nunca tinha tido problemas no
tendão de aquiles, não tinha sinais de inflamação, nem dores de qualquer tipo
na zona…por isso penso que foi uma execução menos cuidada do exercício que
estava a fazer. Devo ter colocado mal o pé esquerdo o que depois levou a uma
sobrecarga no tendão provocando a ruptura.
Lesão – Os sintomas da lesão são exatamente aqueles que
estão descritos. Senti um estalo e uma dor forte na zona. Inicialmente até
pensei que tinha batido com a perna em qualquer lado. A primeira reacção foi olhar para trás para ver o que aconteceu. Como exemplo vejam o vídeo da lesão
do Beckham (http://www.youtube.com/watch?v=p7NiwYqNqlA). Se a ruptura for total (como aconteceu comigo)
consegue-se observar uma depressão na zona. Se colocarmos lá o dedo,
rapidamente nos apercebemos que falta ali qualquer coisa..
Tratamento
– Existem dois tipos de
tratamento, conservador e cirúrgico. No conservador não há cirurgia. O pé é
imobilizado com gesso durante 8-12 semanas. Neste caso evitam-se potenciais complicações
relacionadas com cirurgias (ex: infecções ou lesões nos tecidos adjacentes).
Contudo o tempo de recuperação é mais longo e o risco de nova ruptura é superior
(alguns estudos mencionam percentagens até 35%) . Em alternativa existe a cirurgia que permite
um regresso mais rápido à actividade com um risco muito baixo de nova ruptura
(menos de 2%). Existem 3 técnicas
principais de abordagem cirúrgica. A que foi usada no meu caso é denominada por
Achillon (http://www.youtube.com/watch?v=rD3aI_7EneA).
Por ser minimamente invasiva, a cicatrização é mais rápida o que permite
começar a fisioterapia e mobilização do pé passadas 2-4 semanas (este tempo
varia e depende essencialmente do cirurgião). No meu caso o pós-operatório foi
bastante tranquilo. Tive algumas dores nas primeiras 48 horas, mas que se
suportavam bem. O pior mesmo foi ter de estar metido em casa quase 4 semanas, 3
das quais com aquela onda de calor que atingiu Portugal no fim de Junho início
de Julho!! No fim já quase que trepava às paredes mesmo com o gesso na perna!!
No fim das 4 semanas o gesso saiu e entrou uma bota à la Robocop. O pé passa a
estar estabilizado a 90º e nessa altura já se pode caminhar com a ajuda de
canadianas. A botinha ainda é pesada e não muito prática, mas pelo menos
podemos andar e sair de casa à vontade!!! Quatro dias depois de tirar o gesso
voltei logo ao trabalho! Com o passar dos
dias vai-se ganhando confiança… mais de duas semanas depois já praticamente não
uso as canadianas!
Quase 25 anos depois o Robocop está de volta!!!! ;)
Recuperação
– Para a recuperação deste tipo
de lesão é preciso muita paciência (mas mesmo muita) e alguma capacidade de
sofrimento . O tendões por norma tem uma taxa de regeneração muito baixa e o tendão
de Aquiles não é excepção. Por isso não adianta inventar…se o fizermos o mais
certo é termos novamente problemas. O que mais me impressionou quando tirei o
gesso foi a atrofia muscular…o gêmeo praticamente desapareceu…parece
gelatina!!! A coxa também perdeu muita massa muscular! Para além disso o pé
ainda tinha um edema grande (normal pelo que li e me foi transmitido pelo
medico) e mobilidade muito reduzida. Uma semana depois de tirar o gesso comecei
a fisioterapia. Electroestimulação no gémeo e coxa para começar o processo de
ganho de massa muscular, massagem, exercícios de mobilização e flexibilidade, e
alongamento do tendão. O que mais custa para já é a massagem…digamos que,
pronto, vá lá…doi!!! Para além disso pedi um favorzinho a uma grande amiga minha
(e aos pais dela), e quando está bom tempo dou um salto lá a casa para fazer
alguns exercícios na piscina (isto é desculpa…na realidade só quero trabalhar
para o bronze!! )
Regresso
à estrada - O tempo estimado para
voltar a correr são seis meses…mas isto é para voltar a correr devagarinho na
passadeira e por curtos períodos de tempo…não para voltar a fazer 50-60 Km por
semana!! Para fazer isso, e partindo do principio que corre tudo bem, terei de
esperar até Março de 2014!
Se alguma dia passarem por isto (sinceramente
espero que não) façam o que eu estou a
fazer…estabeleçam metas a curto prazo. Os obstáculos ficam mais fáceis de
ultrapassar e não nos lembramos do tempo que ainda temos pela frente!